Para entender o que é o
colágeno, apalpe as suas orelhas ou a pontinha do nariz e note o quão maleáveis
e, ao mesmo tempo, resistentes eles são. “A função dessa proteína de
origem animal é dar firmeza à pele, às cartilagens e, em geral, às
estruturas do nosso corpo que não precisam da sustentação dos ossos, mas,
sim, de um suporte”, esclarece o médico da Associação Brasileira de
Nutrologia, Carlos Alberto Nogueira de Almeida. O
nutrólogo explica que a ingestão de determinadas fontes para a produção de
colágeno, caso das carnes vermelhas e brancas, são válidas até certo
ponto. Segundo ele, o processo pode ser comparado ao de uma fábrica: cada
pedacinho dessa matéria-prima ingerida à mesa é degradado no processo
digestivo para então formar os aminoácidos, uma fração mais sintetizada da
proteína. “Nessa indústria, eles seriam os tijolinhos que formam a
estrutura da qual precisamos naquele momento”, explica a
nutricionista do Hospital São Camilo, Marisa Resende Coutinho. Para esclarecer, as
carnes consumidas estimulam a produção de colágeno, mas não cumprem
necessariamente o papel de formá-lo. Se o corpo não precisa dessa
proteína, os aminoácidos se encarregam de resolver outro problema com o
que foi absorvido. “O leigo acha que tudo o que comemos fica daquele jeito
depois de ingerido. Leite, ovos e até suplementos de colágeno são
recebidos da mesma forma. O fígado recombina isso para o que precisar”,
completa Nogueira de Almeida. A rigor, a carência de colágeno pode ocorrer
em doenças muito graves. Apesar disso, fatores comuns, como a ausência de
carnes no prato, podem ser limitantes na produção dessa proteína. “É o
caso de vegetarianos que não fazem boas combinações, como macarrão e
lentilha, arroz e feijão”, alerta Nogueira de Almeida. Vale lembrar que, a
partir dos 30 anos de idade, há uma queda gradual no processo de produção
de colágeno. “Ele vai sendo substituído por outro tecido, menos elástico e
mais fibroso. Daí, percebemos a flacidez, as rugas, a perda dos cabelos e
as unhas fracas”, detalha Marisa. Ainda segundo a nutricionista, os
radicais livres que o organismo luta para combater durante os períodos de
estresse também prejudicam o funcionamento desta indústria. As
articulações também podem sofrer as consequências da falta de colágeno,
como aponta Nadia Brito, nutricionista do Instituto de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital das Clínicas. “A cartilagem articular, presente
entre as nossas articulações, também pode apresentar problemas em seu
funcionamento”, indica. No caso dos suplementos, o ideal é que a versão em
pó seja utilizada, já que as cápsulas não comportam a quantidade de
colágeno recomendada por dia, isto é, 10 gramas. “A indicação deve ser
feita por um profissional habilitado, de acordo com a necessidade da
pessoa assistida”, orienta Nadia. Quanto à famosa referência à gelatina,
Nogueira de Almeida revela: “ela possui cerca de 1% de proteína, que, no
caso, é o colágeno. Essa quantidade é muito baixa e está longe de ser a
melhor opção”.
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